11 agosto, 2006

Curiosidade geral!


" Atravesso Java sob o fogo cruzado da curiosidade geral. "Hello Mister", chamam-me. de onde sou, se sou casado e porque não, de onde venho e para onde vou, e porquê sozinho. Depois, perguntas mais íntimas: a minha religião, o que penso da Indonésia, e se não tenho medo das bombas. Não, tenho medo é dos autocarros. E por isso no comboio sorrio, e respondo com tanta paciência às mesmas perguntas de sempre."
In A Lua pode esperar, pág. 174
Imaginem esta situação num comboio da CP de Sintra a Lisboa:
- Olá, bom dia.
- (...)
- Está um lindo dia, não acha?
- (...)
-Vai para Lisboa ou sai já em Benfica?
- O que é tem a ver com isso.
- Era só para saber. Já viu este tempo? Não há quem aguente este calor...
- (...)
- Bem, saio já nesta, foi um prazer falar consigo. Tenha um bom dia.
- Completamente doido, estive quase para me levantar, mas depois não tinha lugar, isto só a mim (diz ela ao telemóvel a uma amiga que também fica indignada).
Acham possível estabelecer um diálogo com um desconhecido, assim como o Gonçalo faz nas suas viagens?
Lanço um desafio, tentem meter conversa com alguém que até vejam todos os dias, mas com quem nunca falaram.
Por exemplo: a senhora do bar, o homem do café da manhã, do jornal, etc.
E depois digam-nos como foi...

6 comentários:

Vegana da Serra disse...

tens razão... vão pensar que sou doida, ou uma grande chata!

Aragana disse...

Eu costumo fazer isso e olha que foram poucas as vezes que me saí mal...

Já andei de comboio e de vez em quando lá se troca um sorriso.. porqque nos vemos todos os dias... há um dia, porque o comboio atrasa ou outro motivo qualquer, e as pessoas falam-se...

Mas eu tambem andava numa linha diferente.. se calhar é isso.

;)

Bom fim de semana TOTOIA!

Laranjinha disse...

Acho que as conversas dependem da nossa predisposição. No dia-a-dia não estamos disponíveis para esse tipo de conversas, que servem para entreter e sem objectivos. Daí, muitas vezes o tema ser o tempo. Quando se fala do tempo é porque não há assunto. O mesmo acontece quando vamos de elevador.

O que acontece ao Gonçalo é a curiosidade não só por ele, mas pela cultura que ele representa. Em muitas culturas/sociedades não é usual um homem de 36 anos não ser casado, ter filhos, etc...

Esta semana tenho sido turista em Lisboa e não imaginam as diferentes abordagens/estórias que tenho tido.

Anónimo disse...

Já tenho sido abordada por algumas pessoas nos mais diversos sitios e por motivos diferentes! Normalmente respondo sempre às solicitações a não ser que a pessoa pareça padecer de alguma patologia!

Ao contrário também já tem acontecido, ou seja, eu por vezes abordo as pessoas (com quem não falo habitualmente); ou para pedir alguma informação, ou para comentar algum caso que eu ache que seja do interesse de ambos, ou para falar sobre algo que acabou de acontecer (e que não me agradou), entre outras coisas...
Até agora tem corrido bem e as pessoas dão sempre feedback, além do mais eu também só tento começar um diálogo se notar alguma "abertura" da parte da pessoa em questão.

No caso do Gonçalo havia uma predisposição para isso, da parte dele porque andava a viajar (e quando viaja a pessoa gosta de abrir os seus horizontes, por exemplo a falar com pessoas de culturas diferentes) e da parte dos seus interluctores porque, em principio, alguns também poderiam ser viajantes (não sei, porque não estou a ler o livro) ou simplesmente serem pessoas que têm curiosidade em conhecer novas culturas!

Anónimo disse...

Tudo depende da nossa atitude. As minhas experiências foram geralmente positivas e algumas delas foram surpreendentes. As pessoas, mesmo as mais metidas consigo mesmas, reconhecem a genuinidade no olhar do outro, no seu interesse, nas suas palavras. Mesmo na linha de Sintra, e eu já viajei bastante nela, há momentos inusitados. O tal "click" pode sempre acontecer. Até já a Bia teve desses momentos, um deles com um bêbado, que na sua alucinação, teve com ela uma conversa tudo menos incoerente, verdadeiramente filosófica e muito mágica. A atitude de turista, que se reveste de um novo olhar sobre o (des)conhecido, propencia
encontros inolvidáveis. Um sorriso que não se esquece, um "obrigada" com uma sonoridade musical exótica, uma vontade de partir naquela boleia e descobrir o que já conhecemos nos olhos de outrém...

Anónimo disse...

E eu que pensava que Java era uma linguagem de programação...