29 novembro, 2007

O nosso encontro....

O nosso encontro é este Domnigo, às 10h30, no Museu do Teatro. O livro que andamos a ler é a Nação Crioula de José Eduardo Agualusa. Quem não leu é bem vindo na mesma. Este Domingo temos (como de costume) imensas coisas para conversar.
Até lá boas leituras.

27 novembro, 2007

Ainda a propósito de culinária II


QUIABOS COM CAMARÃO


10 ou 15 quiabos
500gr de camarão
1 cebola gr.
2 dentes de alho
2 tomates maduros
Azeite doce qb ou óleo de palma
Sal q/b.
Fazer um refogado c/ o tomate, cebola, alho e o azeite.Cortar os quiabos às rodelas finas, descascar o camarão juntar no refogado e deixar cozer em fogo lento.Para uma entrada é delicioso.
Receita tirada daqui.
Como a Laranjinha não se chegou á frente, aqui fica a receita da praxe.
Bom apetite!

25 novembro, 2007

O cheiro das cidades ...

Estátua de S. Vicente de Fora no Largo das Portas do Sol.

«Os portos da África Ocidental francesa cheiram, dizia ele, cheiram fortemente a cebola frita em manteiga (...); o Rio de Janeiro cheira a goiabas maduras, e Lisboa a sardinha, manjerico e deputados.» P. 139

Lisboa cheirar a sardinhas, a manjerico e nesta altura do ano a castanhas assadas não me espanta. Agora a deputados, tem piada!

Ainda a propósito de culinária ...

Angola

«Nas três semanas que se seguiram comemos apenas gafanhotos, assados, cozidos, fritos e salteados (...).»

«Repugna-lhe a culinária angolana? Pois lembre-se que entre a aristrocracia romana os gafanhotos, precisosamente assados em mel, eram muitíssimo apreciados. Os Romanos, de resto, praticavam a entomofagia com particular entusiasmo. Nas mesas não faltavam, por exemplo, as larvas de escaravelho temperadas com vinho e depois grelhadas. Na Grécia antiga as infusões de percevejos eram utilizadas para combater as febres mais resistentes, e ainda hoje, em alguns países da Europa Central, se recorre com idêntico propósito a um chá confeccionado a partir da vulgar barata doméstica. No meu país, na minha Lisboa, comem-se pelas tascas pequenos caracóis, cozidos em água, sal e óregãos, sendo este petisco muito apreciado pelas classes populares.»

in Nação Crioula, p. 68

No Brasil

«Às visitas da manhã é de uso oferecer-se um cálice de licor, em geral preparado em casa e sempre excelente; cachaça, ou uma bebida refescante indígena, o guaraná, à qual os brasileiros atribuem todo o tipo de virtudes regenadoras. À tarde, o licor é acompanhado por bolinhos e café. » p. 89

Em Portugal
«Veio o bacalhau, esplêndido, com o grão-de-bico, os pimentos, a salsa fresca (...)»


24 novembro, 2007

Culinária Angolense no Nação Crioula

«(...) converteu-se à calorosa culinária angolense e por mais de uma vez o encontrei entre a criadagem, comendo alegremente o funge e o feijão.

(...) Em contrapartida sei que os ratos assados continuam a vender-se muito bem nos mercados de Luanda, a quinze réis a dúzia, enfiados pela barriga em espetos de pau (...)» p. 13

«Tinha bebido várias taças de quimbombo, espécie de cerveja indígena (...)» p. 56

«À ceia assaram-se cacussos, género de peixe de água doce, muito saboroso, que abunda em toda esta parte de África (...)» p. 57

«Almoçámos ali mesmo, cinco latas de sardinhas de Nantes, um pouco de peixe seco, assado na brasa, funge de farinha de bombó, pão e aguardente.» p. 61

«Horácio Benvindo mandara colocar uma grande mesa no Largo da Igreja, com travessas de carne assada (pacassa, porco do mato e aves diversas), três barris de bom vinho da Madeira e outros tantos de aguardente de cana (...)» p. 66

«Lívia apareceu de repente com uma travessa cheia de gafanhotos assados. (...) Eram relamente muito bons, com um ligeiro travo a avelã, a consistência de pequenos camarões.» p. 67

19 novembro, 2007

As mulheres de Nação Crioula

Madame de Jouarre - madrinha de Fradique a quem este escreve regularmente.

Carolina - filha de Mateus Lamartine (comerciante de escravos). Casou sem o consentimento do pai com um jovem enfermeiro negro. Nicolau dos Anjos depois de os unir pelo casamento, aconselha-os a regressarem a Luanda e a pedirem perdão a Mateus Lamartine. Assim que chegam o jovem enfermeiro é esfaqueado. O pai obriga-a a casar em segundas núpcias com o homem que ela reconhece ter morto o seu noivo. Carolina mata o segundo marido.

Gabriela Santamarinha :
«(...) a mulher mais feia do mundo.

- Chamam-lhe a Boca Maldita, esclareceu o coronel -, Boca Cuspideira, Boca Assassina ou Boca Fétida. Dizem que os pássaros se suicidam de desgosto à passagem dela.

(...) Abominável Monstro das Retretes.» in Nação Crioula, p. 20

Dona Ana Olímpia:
«(...) a mulher mais bela do mundo! (...) Nasceu (...) filha de uma escrava, e é hoje uma das mulheres mais ricas do país, senhora de muitos escravos, poderosa e respitada. » in Nação Crioula, p. 21 e 22

Casou com Victoriano Vaz de Caminha com 14 anos. Depois da morte deste, apaixona-se por Fradique com quem irá viver. Desta união nasce Sophia.

É uma mulher culta.

18 novembro, 2007

Quem foi a Rainha Ginga ou Nzinga Mbandi?

Na p. 53, José Eduardo Agualusa refere que Gabriela Santamarinha chegou a receber os convidados, numa festa, sentada nas costas de uma escrava, seguindo o exemplo da famosa Rainha Ginga ou Nzinga Mbandi.

A Rainha Ginga foi uma mulher com muito gindunguzinho!

Está dito ...

«(...) a mulher é o animal mais perigoso da criação.»

in Nação Crioula, p.34

Cheiro a África ..

«Respirei o ar quente e húmido, cheirando a frutas e a cana-de-açúcar, e pouco a pouco comecei a perceber um outro odor, mais subtil, melancólico, como o de um corpo em decomposição. É este cheiro, creio, que todos os viajantes se referem quando falam de África.»

in Nação Crioula, p. 9

16 novembro, 2007

Parabéns a José Saramago

José Saramago nasceu no dia 16 de Novembro de 1922.
Parabéns pelos seus 85 anos.

Sociedade Luandense do século XIX e falta de vontade para o trabalho

«Ao acreditar no que tenho ouvido não existe nesta cidade um único homem honesto, esposa fiel, donzela recatada. Os colonos podem no geral ser divididos em:

1. Criminosos a cumprir degredo.

2. Degredados que, cumprida a pena, preferiram sabiamente manter-se cá.

Quanto aos filhos-do-país (...) esses ocupam-se trabalhalhosamente a construir intrigas nos cafés da capital (...). (...) enquanto se devoram uns aos outros por um cargo menor na hierarquia da Fazenda, os degredados seduzem-lhes as mulheres e as filhas, roubam-lhes as terras e os negócios, reforçam o seu poder na administração da colónia.

Trabalhar ninguém trabalha em Luanda a não ser os escravos; e fora da cidade trabalham os, assim chamados, «pretos boçais». Trabalhar representa portanto para o Luandense uma actividade inferior, insalubre, praticada por selvagens e cativos. »

in Nação Crioula, p. 13 e 14

Sobre a sociedade Angolana do século XIX ver aqui e aqui.

15 novembro, 2007

Novidades literárias

O nosso amigo não pára.

II Carta - Sumbe

“Em contrapartida sei que os ratos assados continuam a vender-se muito bem nos mercados de Luanda , a quize réis a dúzia, enfiados pela barriga em espeto de pau, e que tem havido distrubios no Sumbe e no Congo.”

Pág. 15

Sumbe é uma cidade e município de Angola, capital da província do Kuanza Sul. Até 1975 designou-se Novo Redondo.

Fotos de Sumbe:

















Carta II - Culinária

“Surpreendentemente ou talvez não, converteu-se à calorosa culinária angolense..."
In pág. 15
Culinária angolense, tinha pensado colocar aqui uma receita mas deixo isso para a minha colega Laranjinha que é especialista na cozinha.

Por isso, vou antes sugerir alguns restaurantes de comida africana em Lisboa no caso de alguém querer experimentar.

Restaurante Moamba

Casa da Morna (muito bom e com musica ao vivo).

Ainda sobre o tráfico de escravos

Conferência - Nas Margens da História: o tráfico de escravos e a economia de Pernambuco na dinâmica do Império atlântico português (1655-1755) a realizar no dia 21 de Novembro pelas 17 horas no Arquivo Histórico Ultramarino - Sala do Brasil.

Conferencista: Gustavo Acioli Lopes, CNPq
Comentador: Luís Frederico Dias Antunes, IICT

Resumo: O conferencista propõe-se analisar o lugar do tráfico de escravos e da economia açucareira de Pernambuco e capitania anexas (Itamaracá, Paraíba e comarca de Alagoas) no âmbito da economia do Império atlântico português, desde o fim do domínio holandês à instituição da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba. Pretende, da mesma forma, perceber os vínculos existentes entre a formação de um sector produtor de tabaco nas referidas áreas e do tráfico de escravos, sobretudo da Costa da Mina, e a evolução da produção açucareira e da economia luso-brasileira no período assinalado.
Informações retiradas daqui.

Tráfico negreiro

Sobre o tráfico que se fazia entre África e o Brasil sugerimos as seguintes leituras.
Não ficção:
Portugal e a escravatura dos africanos de João Pedro Marques e as Revoltas Escravas também do mesmo historiador.
Ficção:
Último Negreiro de Miguel Real.

14 novembro, 2007

Carta 1

Personagens:

- Smith: escocês que acompanha Fradique.

- Coronel Arcénio de Carpio:
- cientista austríaco;
- estudou a flora e a fauna nos sertões de Angola;
- título honorífico de Coronel
- nasceu na Madeira
- filho de actores ambulantes
- negociador de escravos
- tem um filho da preta Joana Benvida, com quem vive no Casarão da Cidade Alta.

A escravatura:

Casa do Coronel Arcénio de Carpio: «()o quintal que está ocupado com as habitações dos escravos e com armazéns cheios de marfim, de borracha e de cera. Presas aos altos muros vêem-se cadeias de ferro e no centro do pátio existe mesmo um pelourinho que o Coronel garante nunca ter utilizado. Ainda há pouco tempo, porém, este mesmo espaço servia para engordar negros trazidos do interior em trânsito para o Brasil.

(...) o movimento emancipador tem sido secretamente financiado e organizado pelos Britânicos e Americanos do norte com o objectivo de impedir a consolidação de uma forte potência na América do Sul(...)»

in Nação Crioula, p. 9, 10 e 11

Os Britânicos em relação à escravatura têm uma posição contra o tráfico de escravos porque chegam milhões de agricultores à América inglesa. O Brasil onde o número de colonos é mais reduzido necessita dessa mão de obra para que a sua agicultura não entre em colapso.

Sobre o tema da escravatura ainda a semana passada vi o filme Amistad de Steven Spielberg.

Ontem,

O À volta das Letras foi convidado a estar presente no lançamento do 2º livro de Pedro Vasconcelos. Estivemos lá, trouxemos livros autografados e a promessa da presença do escritor num dos nossos encontros.

Para saber mais detalhes do lançamento ver aqui.

13 novembro, 2007

Quem foi Fradique Mendes?

Aqui, aqui e aqui.

Este mês ...


Vamos ler Nação Crioula de José Eduardo Agualusa, sugestão de Onésimo Teotónio Almeida. Apesar de ser um escritor conhecido de todos aqui fica mais alguma informação:


O que diz a Wikipédia.


Numa página sobre o autor.


Jose Agualusa do Público.


Numa entrevista.

11 novembro, 2007

Foi assim ...

Hoje a manhã foi animada. Tivemos connosco, como combinado, Onésimo Teotónio Almeida, o autor das Aventuras de um Nabogador.
Chegou a horas, mesmo tendo saído de madrugada do seu destino para estar connosco, o seu bom humor esteve sempre presente.
Confirmou-nos que as estórias-em-sanduíche são todas inspiradas em situações vividas por si (que vida!!!), até a fantástica história de Dolly.

A sua memória é fantástica. A regra que considera essencial quando escreve uma história, é que: "Não seja chato".
De facto Onésimo não sofre desse mal.
"Acusou" o nosso blogue de ser muito sério e imaginava-nos pessoas mais velhas já em idade de reforma! Está sempre a brincar e adora pregar partidas.

Como sugestões de próximas leituras sugeriu:
- Gonçalo Tavares
- Manuel Rui
- Carlos Tomé

Aceitámos a sua sugestão e no próximo mês iremos ler Nação Crioula de José Eduardo Agualusa.

Vamos seguir a obra de Onésimo até porque, quem sabe, algum dia ainda escreve um conto onde nós entramos como personagens: o rapaz que não falava, o fã, o que só leu a 1ª história e foi logo apanhado, a que cozinhou moelas sem estarem lavadas e a professora apaixonada pelos EUA.

Onésimo, foi mesmo um grande prazer!


09 novembro, 2007

Post it

Relembro que o encontro do À Volta das Letras é neste Domingo às 11h no Museu do Teatro. O escritor Onésimo Teotónio Almeida vai estar presente para conversar connosco sobre as suas "estórias-em-sanduíche". Quem não leu o livro é bem vindo na mesma.
Até lá boas leituras.

08 novembro, 2007

Convite

O À Volta das Letras foi convidado para o lançamento do livro 1617 de Pedro Vasconcelos. Lá estaremos no dia 13 de Novembro curiosos em relação ao destino de Nenu (personagem do 1613 que continua a sua história no 1617).

Boas leituras.

06 novembro, 2007

O que faria se...

"A minutos da aterr(oriz)agem, e convencido da morte iminente, um marido em pânico confessara à mulher as suas infidelidades com a irmã dela"

In Aventuras de um Nabogador

O que faria?

Frases soltas

"uma pessoa a andar sobre a relva não a estraga, mas suponhamos que todos fazem o mesmo?"

In Aventuras de Nabogador

Esta vou usar muitas vezes.

Citações


"Que prazer não cumprir um dever."


Fernando Pessoa


In Aventuras de um Nabogador


Como não ir trabalhar em plena semana de trabalho.

Precisa-se dicionário

Podia repetir, devagarinho:

- détentes
- Litania laudatória
- ámenes
- piedopatrióticas


Gosto disto.

A propósito,

"Era nos idos da década de setenta, e Portugal amarcelado não conseguia convencer-se de que não fora apenas a cadeira a falhar o seu dever de se apresentar ao traseiro de Salazar, era o Império todo que não tinha mais assento."

In Aventuras de um Nabogador

Recentemente tem surgido programas que falam da década de 70 e que me parecem muito interessantes.

Na ficção a série Conta-me como foi, que passa ao Domingo na RTP1, retrata o Portugal da década de 70, a cena da queda da cadeira de Salazar não faltou, tal como muitos factos importantes. Mas o que mais gosto neste programa é ver como era a vida de uma família da classe média naqueles tempos, sem fazerem juízos de valor, apenas mostram como se vivia na ditadura.

Em formato de documentário, com a autoria de Joaquim Furtado, A guerra uma série de episódios que nos contam o que se passou em África, dá-nos os vários pontos de vista. Tenho aprendido bastante com este programa.

A nossa história tem muito para contar e dava uns bons filme ou séries de ficção, pode ser que isto seja só um começo.

Frases soltas

Este livro está cheio de frases ou expressões que nos divertem, alertam ou simplesmente nos deixam a pensar, tais como:
"E só em Hollywood é que as tragédias acabam bem."
In Aventuras de um Nabogador

O museu


Temos feito os nosso encontros na cafetaria do Museu Nacional do Teatro. Apesar de a zona onde fica o Museu não ser das que gosto mais, este espaço conquistou-me. O Museu é lindo, assim como os jardins que o rodeiam, a cafetaria é simpática e as pessoas que lá trabalharam também não ficam atrás. Por essas razões todas, no Domingo lá estaremos.


A propósito, já acabei as Aventuras de um Nabogador. Professor Pardal foste aprovado, podes começar a sugerir mais livros.


Boas leituras.

05 novembro, 2007

Confirmações

O encontro é no próximo Domingo, 11 de Novembro, às 11 horas na cafetaria do Museu do Teatro. O escritor vai estar presente.
São todos bem vindos, mesmo quem não acabou de ler o livro.
Até lá, boas leituras.

03 novembro, 2007

Aos Comandos do Destino ...



«Trata-se de uma biografia do piloto do avião charter que, transportando quase 300 passageiros de Toronto para Lisboa, se deparou sem combustível sobre o Atlântico.»

Aventuras de um Nabogador, p. 99

Para saber mais sobre Robert Piché, aqui.

02 novembro, 2007

Alteração


O encontro passou para o dia 11 de Novembro no Museu do Teatro, estará presente o autor Onésimo Teotónio. A hora ainda está sujeita a confirmação. Mais uma vez relembro que mesmo quem não tenha lido o livro é sempre bem vindo.
Boas leituras.

01 novembro, 2007

Quem não tem medo de viajar de avião?

TESTAMENTO

Vou partir de avião

e o medo das alturas misturado comigo

faz-me tomar calmantes

e ter sonhos confusos



Se eu morrer

quero que a minha filha não se esqueça de mim

que alguém lhe cante mesmo com voz desafinada

e que lhe ofereçam fantasia

mais que um horário certo

ou uma cama bem feita



Dêem-lhe amor e ver

dentro das coisas

sonhar com sóis azuis e céus brilhantes

em vez de lhe ensinarem contas de somar

e a descascar batatas



Preparem a minha filha

para a vida

se eu morrer de avião

e ficar despegada do meu corpo

e for átomo livre lá no céu



Que se lembre de mim

a minha filha

e mais tarde que diga à sua filha

que eu voei lá no céu

e fui contentamento deslumbrado

ao ver na sua casa as contas de somar erradas

e as batatas no saco esquecidas

e íntegras



ANA LUÍSA AMARAL, Minha Senhora de Quê, Quetzal Editores, Lisboa, 1999: 61, 62