Noite
Noites africanas langorosas, esbatidas em luares,
perdidas em mistérios
Há cantos de tungurúluas pelos ares!
Noites africanas endoidadas,
onde o barulhento frenesi das batucadas,
põe tremores nas folhas dos cajueiros
Noites africanas tenebrosas,
povoadas de fantasmas e de medos,
povoadas das histórias de feiticeiros
que as amas-secas pretas,
contavam aos meninos brancos...
E os meninos brancos cresceram,
e esqueceram
as histórias...
Por isso as noites são tristes...
Endoidadas, tenebrosas, langorosas,
mas tristes... como o rosto gretado,
e sulcado de rugas, das velhas pretas...
como o olhar cansado dos colonos,
como a solidão das terras enormes
mas desabitadas...
É que os meninos brancos,
esqueceram as histórias, com que as amas-secas pretas
os adormeciam, nas longas noites africanas...
Os meninos-brancos... esqueceram!...
Alda Lara (Poetisa Angolana 1930-1962)
1948-Outubro (Poemas1966)
“A noite estava estrelada, alegre, a Ursa Maior caminhava vagarosamente para norte, a Lua estava coberta de luz, ouvia-se o sussurro do vento a abraçar a escuridão. Era uma noite daquelas que só África consegue oferecer.”
In Paralelo 75, pág. 155
In Paralelo 75, pág. 155
Ao contrário do que diz o poema os meninos brancos agora homens, não esqueceram África e muito menos as suas noites. Sempre que me falam de África dizem-me que noites como aquelas não há em mais lugar nenhum do mundo, são ao que dizem noites mágicas...
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