31 outubro, 2006
Citação
António Lobo Antunes, Biblioteca de Oeiras, Novembro 2006
Expressão artística
Portugal manteve a produção de azulejos, podemos hoje ver esta forma de expressão artística em quase todos os palácios, igrejas,mosteiros.
30 outubro, 2006
Lover Come Back
No livro a personagem James Clark, (mais conhecido pelo cowboy americano), fala num filme “Volta meu Amor”, em que contracenaram Rock Hudson e Doris Day.
O filme com o título original de “Lover Come Back” foi lançado nos EUA em 1961, recebeu uma indicação de Óscar, na categoria de melhor roteiro original.
Fiquei com curiosidade de ver o filme.
Receita Angolana
In Paralelo 75, pág. 154
Lavam-se os inhames em água corrente esfregando-os com um piaçaba para os limpar bem da terra.
Colocam-se os inhames num tacho, cobertos de água temperada com sal. Levam-se a cozer em lume brando, devendo a água evaporar completamente. Voltam a cobrir-se de água, que deve ferver até evaporar como a anterior. Dizem que para ficarem bem cozidos, os inhames devem secar três vezes a água. No entanto há quem os coza longamente acrescentando a água à medida que se vai evaporando e há ainda quem os coza na panela de pressão (1 hora e meia). Depois de cozidos, descascam-se e servem-se quentes ou frios como acompanhamento ou ainda cortados ás rodelas grossas e fritos em óleo bem quente. São um bom petisco com chouriço assado ou frito. Há também quem coma o inhame com açúcar ou melaço.
Em São Miguel dão o nome de «minhotos» aos inhames pequenos. A este tubérculo dão na generalidade da região açoriana o nome de «tocas». Para os arranjar, a maior parte das pessoas usa luvas, pois os inhames provocam picadelas e comichão. Dizem que estas desaparecem assim que a água de os cozer começa a ferver
26 outubro, 2006
Expressões populares
(...)
O senhor engenheiro deu uma gargalhada que fez com que Euclides Carrapato arrepiasse caminho.
(...)
-Senhor Engenheiro, o mata-bicho já está servido."
In Paralelo 75
- Foi rés vés Campo de Ourique
- Mudar a águas as azeitonas
-Aqui há gato!
- Cabeça de alho xoxo
- Cruzes canhoto
- Macacos me mordam
- Tapar o sol com uma peneira
- Os amigos conhecem-se no hostipal e na cadeia
- Nem oito nem 80
- Matar dois coelhos com uma cajadada só
- Levar água ao seu moinho
- Há Mouro na costa
- Ainda aí passarinho verde
- Há mais de 7 sábados
- Fazer trinta por uma linha
- Gaba-te cesta que vais à feira
E vocês conhecem alguma expressão gira?
24 outubro, 2006
O Segredo de um Coração Traído
A Balançar ao vento
Sem ela
Depois dela
Perdi o norte
E dancei na chama
Sem sela.
Depois dela
Procurei a estrela
E caminhei pela memória
Sem trela.
Depois dela
Emprestei a alma
E encontrei um vagabundo
Sem terra
Depois dela
Fiquei assim
Sem mim
E sem ela.
In Paralelo 75,p. 263
Um POEMA, era o segredo mais bem guardado pelo Sr. Engenheiro!!!
O poema que escreveu quando a mulher o abandonou pelo cowboy americano, desde esse dia o Sr. Engenheiro deixou-se morrer.
Noites Africanas
Noite
Noites africanas langorosas, esbatidas em luares,
perdidas em mistérios
Há cantos de tungurúluas pelos ares!
Noites africanas endoidadas,
onde o barulhento frenesi das batucadas,
põe tremores nas folhas dos cajueiros
Noites africanas tenebrosas,
povoadas de fantasmas e de medos,
povoadas das histórias de feiticeiros
que as amas-secas pretas,
contavam aos meninos brancos...
E os meninos brancos cresceram,
e esqueceram
as histórias...
Por isso as noites são tristes...
Endoidadas, tenebrosas, langorosas,
mas tristes... como o rosto gretado,
e sulcado de rugas, das velhas pretas...
como o olhar cansado dos colonos,
como a solidão das terras enormes
mas desabitadas...
É que os meninos brancos,
esqueceram as histórias, com que as amas-secas pretas
os adormeciam, nas longas noites africanas...
Os meninos-brancos... esqueceram!...
Alda Lara (Poetisa Angolana 1930-1962)
1948-Outubro (Poemas1966)
In Paralelo 75, pág. 155
23 outubro, 2006
Santa Lídina
"Quando o sr. Engenheiro chega à fazenda e entra no que resta da capela, repara que a imagem de Santa Lídina "foi pregar para outra freguesia".
Para saber mais ver aqui.
22 outubro, 2006
A importância de uma árvore ...
in Paralelo 75, p. 72
Segundo o livro o Sr. Engenheiro gostava muito do metrossidero da Praça da Alegria, porque esta árvore lhe fazia lembrar a sua terra. Em África, foi junto ao metrossidero, que o seu avô plantou, que foi sepultado.
Um destes dias ainda passo na Praça da Alegria para ver se lá está algum metrossidero. Em flor deve ser lindo.
Porquê esta árvore? O livro refere que se adapta muito bem a condições adversas. Será essa a razão?
É metrossidero ou metrosídero?
Na Nova Zelândia estas árvores florescem em Dezembro e Janeiro. Por esse motivo, lá, são conhecidas como árvores de natal. Pelas fotos que vi, são lindas.
A morte do Sr. Engenheiro
Fiquei com a sensação que o Orelhas ajudou a acabar com o sofrimento do seu amigo Daniel.
20 outubro, 2006
O estado actual da nossa literatura ....
O Velho e o Mar
19 outubro, 2006
Imagens de Quitexe
Ford Taunus
"- Não aguenta de certeza absoluta - concordou o filho. E era verdade. Há muito que o Ford Taunus do antigo motorista da Companhia Colonial dos Cafés não tinha pedalada para aguentar uma viagem tão arriscada."
18 outubro, 2006
Terras do Mundo Perdido
Santa Lídina
Sabem quem foi esta Santa? O que fez? Procurei no Google, mas não encontrei nada.
16 outubro, 2006
As Terras do Mundo Perdido
“(...)Ao terceiro dia de viagem, a carrinha de Euclides Carapato penetrou na floresta cerada. A folhagem luxuriante abafou a paisagem, o sol eclipsou , a temperatura baixou, a humidade subiu, o cheiro húmido da terra invadiu as narinas. Foi certamente este cheiro típico de África que acordou o Sr. Engenheiro. (...)”
In Paralelo 75, p.136
Podemos a imaginar a sensação que o Sr. Engenheiro teve ao regressar a África, à sua fazenda aos locais onde viveu durante tantos anos.
Quantas vezes sentimos a necessidade de voltar a lugares e a viver situações que guardamos na nossa memória?
15 outubro, 2006
A chegada a Lisboa
(...) Um mundo a que a maioria apenas conhecia de ter ouvido falar.»
«Era uma verdadeira luta para se conseguir lugar no avião, até vinha gente sentada no chão (...) muitas vezes as bagagens ficavam em terra, a multidão a protestar, a descarregar insultos, e quando se apercebiam que não podiam trazer mais do que a roupa que tinham no corpo, desatavam a chorar. De raiva. »
in Paralelo 75, P. 24 e 82
Pela descrição do livro, a chegada a Lisboa era um choque para muitos, especialmente para aqueles que já nasceram em África. Apercebemo-nos da enorme confusão que deve ter sido.
Para saber um pouco mais sobre a nossa presença em Moçambique, clique aqui.
13 outubro, 2006
Retornado
Dicionário Língua Portuguesa Contemporânea / Academia das Ciências de Lisboa
12 outubro, 2006
Desafio ...
Este é um momento da nossa história de que ainda se fala pouco. E, pelo que sei, não recebemos de forma digna os chamados "retornados" .
Gostaria de lançar aqui um desafio: convido-vos a partilharem connosco histórias/experiências de que tenham conhecimento ou que algum familiar viveu. Para isso, podem colocar comentários ou enviar-nos os vossos textos ou outros elementos (fotos, cartas, postais, etc ...) por email.
A leitura deste livro pode ser uma forma de darmos a conhecer histórias individuais, de pessoas comuns, que viveram parte da nossa história que ainda está adormecida.
Muitas são as questões que poderia continuar a colocar. No entanto, fica aqui o desafio, por agora apenas ligado à vida nas colónias e ao retorno a Portugal. A seu tempo será alargado à Guerra Colonial.
11 outubro, 2006
Motivações
A Morte com Aviso
10 outubro, 2006
Biografia
Jorge Araújo autor dos livros Paralelo 75 ou O Segredo de um Coração Traído , do Nem tudo começa com um beijo e Timor, o Insuportável Ruído das Lágrimas nasceu em Cabo Verde é formado em comunicação social e teatro pela Universidade Católica de Lovaina. Trabalhou na BBC, em Portugal fez parte da equipa do jornal o Independente e da TVI, ganhou o Grande Prémio Gazeta do Clube de Jornalistas (1999) e foi galardoado com o Prémio AMI - Jornalismo contra a Indiferença (2003).
Pedro Sousa Pereira é o responsável pelas ilustrações dos dois livros que Jorge Araújo escreveu Paralelo 75 ou o segredo do coração partido, do Nem tudo começa com um beijo. Nasceu em Angola em 1966, é formado em comunicação social pela Escola Superior de Jornalismo do Porto. Actualmente jornalista da SIC já pertenceu ao Comércio do Porto, participou na fundação da Rádio Nova e integrou a redacção da Rádio Macau. É também autor de um disco sobre os anos de prisão de Xanana Gusmão e participou noutro sobre o general Humberto Delgado. Em 2003, venceram o Prémio Literatura Gulbenkian com o livro Comandante Hussi.
Os dois autores conheceram-se em Dili, Timor Leste em 1999 e ficaram grandes amigos.
08 outubro, 2006
Visita ao Convento
Encontro À Volta das Letras
A conversa começou com o balanço do livro do mês de Setembro, Memorial do Convento de Saramago. Muitas foram as questões colocadas: - a escrita de Saramago, as personagens Blimunda e Sete-Sóis, as particularidades da sociedade do século XVIII, o comportamento do clero, a pobreza do povo, as figuras históricas do romance e o próprio convento.
O livro do mês de Outubro é Paralelo 75 ou O Segredo de um Coração Traído de Jorge Araújo e Pedro Sousa Pereira. Esta obra foi escolhida entre várias propostas, nomeadamente O Último Papa de Luís Miguel Rocha, Deixei o meu Coração em África de Manuel Arouca, A Costa dos Murmúrios de Lídia Jorge, Longe de Manaus de Francisco José Viegas e Codex 632 de José Rodrigues dos Santos. Relembro que o À Volta das Letras definiu como objectivo a escolha, para as propostas de leitura, de autores portugueses ou autores/obras que de alguma forma se relacionem com Portugal.
O próximo encontro será no dia 5 de Novembro, às 10h30 na Fundação Calouste Gulbenkian, mais concretamente, na esplanada da cafetaria/restaurante existente no edifício do Museu Gulbenkian.
06 outubro, 2006
Post it
03 outubro, 2006
Blimunda......porquê?
Já alguma vez se questionaram porque é que Saramago escolheu o nome Blimunda para uma das personagens principais do livro?
Será que o nome é uma consequência da forma rara e estranha de ser da personagem?
Vejam a entrevista a Saramago onde ele explica a sua escolha.
"Muitas vezes me perguntei: porquê este nome? Recordo-me de como o encontrei, percorrendo com um dedo minuncioso, linha a linha, as colunas de um vocabulário onomástico, à espera de um sinal de aceitação que haveria de começar na imagem decifrada pelos olhos para ir consumar-se, por ignoradas razões, numa parte adequadamente sensível do cérebro. Nunca, em toda a minha vida, nestes quantos milhares de dias e horas somados, me encontrara com o nome de Blimunda, nenhuma mulher em Portugal, que eu saiba, se chama assim.
(...)Tentando, nesta ocasião, destrinçar aceitavelmente as razões finais da escolha que fiz, seria uma primeira razão a de ter procurado um nome estranho e raro para dá-lo a uma personagem que é, em si mesma, estranha e rara. De facto, essa mulher a quem chamei Blimunda, a par dos poderes mágicos que transporta consigo e que por si sós a separam do seu mundo, está constituída, enquanto pessoa configurada por uma personagem, de maneira tal que a tornaria inviável, não apenas no distante século XVIII em que a pus a viver, mas também no nosso próprio tempo. Ao ilogismo da personagem teria de corresponder, necessariamente, o próprio ilogismo do nome que lhe ia ser dado. Blimunda não tinha outro recurso que chamar-se Blimunda.
Ou talvez não seja apenas assim.
(...)Que outra condição, então, que razão profunda, porventura sem relação com o sentido inteligível das palavras, me terá levado a eleger esse nome entre tantos? Creio que sei a resposta, que ela me acaba de ser apontada por esse outro misterioso caminho que terá levado Azio Gorghi a denominar Blimunda uma ópera extraída de um romance que tem por título Memorial do Convento: essa resposta, essa razão, acaso a mais secreta de todas, chama-se Música. Terá sido, imagino, aquele som desgarrador de violoncelo que habita o nome de Blimunda, profundo e longo, como se na própria alma humana se produzisse e manifestasse, que me levou, sem nenhuma resistência, com a humildade de quem aceita um dom de que não se sente merecedor, a recolhê-lo num simples livro, à espera, sem o saber, de que a Música viesse recolher o que é sua exclusiva pertença: essa vibração última que está contida em todas as palavras e em algumas magnificamente."
SARAMAGO, José, in Jornal de Letras, Lisboa, 15 de Maio de 1990, pág. 29.
Ponto de encontro
O nosso encontro, como já todos devem saber, é no próximo Domingo às 10h30. Como o Convento de Mafra não tem cafetaria temos de nos encontrar num cafézinho que fica mesmo em frente, chama-se Sete Sóis (porque será?) e tem esplanada.
Depois de bebermos um cafézinho e conversarmos à volta do(s) livro(s), vamos visitar o Convento (gratuito até as 14h).
Apontem nas agendas e mais uma vez relembro, mesmo que não tenham lido o livro, apareçam pois garanto-vos que não são os únicos.
02 outubro, 2006
Ler Saramago ...
Inicialmente, achei muito densa a sua maneira de escrever. Parágrafos grandes, frases quase do tamanho dos parágrafos e muitas vírgulas. Mas, como o primeiro livro que li foi O Ensaio sobre a Cegueira, que me arrebatou do princípio ao fim, rapidamente ultrapassei esses preconceitos em relação à sua escrita.
Quando leio Saramago tenho que estar concentrada para poder entrar nas suas palavras, perceber o seu sentido crítico e deixar-me transportar pela imaginação através do texto. Sinto nos seus livros muito sentido de humor.
E vocês, o que vos leva a ler ou a não ler Saramago?
01 outubro, 2006
Lisboa no Memorial do Convento
«(...) a cidade é imunda , alcatifada de excrementos, de lixo, de cães lazarentos e gatos vadios, e lama mesmo quando não chove.» P. 24
«(...) da pocilga que é Lisboa» P. 24
«Lisboa cheira mal, cheira a podridão (...).» P.24
«Lisboa derramava-se para fora das muralhas. Via-se o castelo lá no alto, as torres das igrejas dominando a confusão das casas baixas, a massa indistinta das empenas» P. 36
Certo é que a Lisboa do século XXI muitas diferenças tem da do reinado de D. João V e ainda bem. Mas, no entanto, há dias em que Lisboa cheira mal. Hoje foi um deles, na zona da Expo, perto da marina, ao final do dia, andava no ar um cheiro nauseabundo.
Outro aspecto que me incomoda, eu que me farto de andar a pé, é que os animaizinhos de estimação deixem presentes pelos passeios da cidade, com o consentimento dos seus donos. E, infelizmente ainda temos algumas ruas feias, cinzentas da poluição e com lixo pelo chão, especialmente devido à falta de civismo de alguns cidadãos que deixam a reciclagem, não no respectivo contentor, mas ao lado. Ou, como já tenho visto, simplesmente mandam o lixo para o chão. Retiram o último cigarro do maço e, naturalmente, amarrotam e mandam para o chão, é a publicidade que recebem na rua ou o papel do gelado ... tudo para o chão, pois claro!
Curiosidade ...
Para quem já visitou o Museu, percebe que D. João acomodou muito bem a sua amante.