"Sem merda, nada feito" é o título da primeira crónica do livro Em Portugal não se come mal de Miguel Esteves Cardoso. Aqui ficam alguns excertos:
«Sub-repticiamente, sem notícia nem protesto, vão desaparecendo da mesa portuguesa iguairias essenciais - algumas por causas naturais, porventura inevitáveis, mas outras por determinação burocrática, assentes na dupla-prensa com que presentemente nos comprimem os testículos e ovários e oprimem as papilas e as barriguinhas» p. 13
«Sub-repticiamente, sem notícia nem protesto, vão desaparecendo da mesa portuguesa iguairias essenciais - algumas por causas naturais, porventura inevitáveis, mas outras por determinação burocrática, assentes na dupla-prensa com que presentemente nos comprimem os testículos e ovários e oprimem as papilas e as barriguinhas» p. 13
Como é conhecido, parte desta "tortura gastronómica" é imposta por Bruxelas. «Assim aconteceu com o azeite (...) e o vinho tinto. Presentemente elogiam-se muito as amêndoas, o chocolate com mais de 70% de cacau o presunto ibérico artesanal.» p. 13
«Com a ditadura de Bruxelas, o caso é muito preocupante. Em vez de encolher os ombros, os nossos governantes, sempre os melhores alunos da Europa na fase condescendente de Delors, apressam-se a aplicar todas as normas emanadas - e isto é muito imortante - de países onde se come mal e porcamente.»p. 14
Comer é um prazer e nós portugueses temos uma das melhores gastronomias do mundo. No entanto, sinto-me desconfortável quando um legislador que não percebe nada de boa comida, de tradições alimentares e hábitos culturais tenta normalizar o que não pode ser normalizado, ou que não deveriamos deixar normalizar.
Quantas gerações foram criadas com o galheteiro na mesa? E as colheres de pau? E os recipientes de barro? E a aguardente? O paõ para a açorda? O queijo da Serra?
Quantas gerações foram criadas com o galheteiro na mesa? E as colheres de pau? E os recipientes de barro? E a aguardente? O paõ para a açorda? O queijo da Serra?
Com a mania de querermos aplicar a lei sem adaptações à nossa cultura, depois temos exageros, excessos e incongruências. E quem perde, quem é?
1 comentário:
acho que todos sentimos isso, Laranjinha.
são os habituais exageros...
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