" Rapidamente me sentei ao seu lado direito e lhe falei da poesia e da gordura de Mário de Sá Carneiro... O meu poeta preferido..."
Último soneto
Que rosas fugitivas foste ali:
Requeriam-te os tapetes – e vieste...
– Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.
Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste –
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...
Pensei que fosse o meu o teu cansaço –
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...
E fugiste... Que importa ? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...
Paris - dezembro 1915
Mário de Sá-Carneiro
Poemas Completos
Edição Fernando Cabral Martins
Assírio & Alvim
2001
2 comentários:
Poética e romanticamente maravilhoso!
Ainda me lembro do impacto que a poesia de Mário de Sá Carneiro me causou pela primeira vez que li, durante meses só lia aquele livrinho de poesias, adorava aquilo. Foi um ponto de partida para a descoberta de outros poetas.
Ultimamente, não tenho prestado muita atenção a livros de poesia. Mas, sem dúvida que os melhores poetas do planeta são tugas.
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