«Entram com el-rei dois camaristas que o aliviam das roupas supérfluas, e o mesmo faz a marquesa à rainha, de mulher para mulher, com ajuda doutra dama, condessa, mais uma camareira-mor não menos graduada que veio da Áustria, está o quarto uma assembleia, as majestades fazem mútuas vénias, nunca mais acaba o cerimonial, enfim lá se retiram os camaristas por uma porta, as damas por outra, e nas antecâmaras ficarão esperando que termine a função, para que el-rei regresse acompanhado ao seu quarto (...) e venham as damas a este aconchegar D. Maria Ana (...).
Vestem a rainha e o rei camisas compridas, que pelo chão arrastam (...). D. João V conduz D. Maria Ana ao leito, leva-a pela mão como no baile o cavaleiro à dama, e antes de subirem os degrauzinhos, cada um de seu lado, ajoelham-se e dizem as orações acautelantes necessárias, para que não morram no momento do acto carnal, sem confissão, para que desta nova tentativa venha a resultar fruto (...)»
in Memorial do Convento, P. 10 e 11, Ed. Narrativa Actual
A ida do rei ao quarto da rainha, para um acto íntimo, era uma verdadeira cerimónia.
Vestem a rainha e o rei camisas compridas, que pelo chão arrastam (...). D. João V conduz D. Maria Ana ao leito, leva-a pela mão como no baile o cavaleiro à dama, e antes de subirem os degrauzinhos, cada um de seu lado, ajoelham-se e dizem as orações acautelantes necessárias, para que não morram no momento do acto carnal, sem confissão, para que desta nova tentativa venha a resultar fruto (...)»
in Memorial do Convento, P. 10 e 11, Ed. Narrativa Actual
A ida do rei ao quarto da rainha, para um acto íntimo, era uma verdadeira cerimónia.
6 comentários:
Ganda seca. Boa semana
Era uma acto tão cerimonioso e tão pouco intimo que tirava o romantismo todo ao acto de fazer amor.
Se bem que quando li esta parte questionei-me, se seria mesmo assim, se depois de portas fechadas o clima não se alterava?!
Eu até acredito que se alterasse. Mas reparem, os camaristas e as damas da rainha ficam à espera que o rei cumpra o seu dever. Penso, que deveria ser um pouco stressante.
No povo as coisas possivelmente passavam-se de modo diferente. Pelo menos não deveriam ter tanta cerimónia.
"cumprir a sua função" - até parece que ia ao supermercado...
Bah! Puro gozo... o fogoso D.João V cheio de salamaleques para "cumprir a função" com a sua rainha... E como se ela precisasse de consolo após o acto... bem... só se fosse muito mau... E a sensação de ter ouvidos atrás da porta deveria bloquear qualquer ímpeto mais "tcharannnn". A noção de função parece-me incompatível com a de prazer.
A ida do rei ao quarto da rainha, para um acto íntimo, era uma verdadeira cerimónia.
Mas o rei tinha os seus casos à parte e não fazia disso uma verdadeira cerimónia!!!
Para ele deveria ser mesmo um cumprir da função, pois com tantos "procedimentos" onde ficava o romantismo?
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