29 junho, 2006

Há sofrimentos maiores do que a morte ...

"(...) todos nós somos capazes de conceber um sofrimento pior do que a morte."
in À Procura de Sana, P.31

A mim, assusta-me a ideia de possuir um sofrimento tal que me leve a preferir a morte. Penso que a ideia da morte, do suicídio já passou pela cabeça de todos nós, num momento ou outro da nossa vida.

Um sofrimento pior do que a morte, neste momento, seria uma doença. Daquelas que todos nós tememos e respeitamos, especialmente, quando sabemos de algum caso que nos aviva a consciência.

Assusta-me a ideia de me ver a definhar dia-a-dia, perder capacidades, interesses e a própria vontade de viver.

Assusta-me a ideia da incapacidade, da total dependência e a tomada de consciência de tudo isso.

22 junho, 2006

Perth

"Conheci Sana no meu terceiro dia em Perth, na tarde de 9 de Fevereiro de 2000. Tinha-me deslocado para participar no Encontro de Escritores de Perth (...)"
in À Procura de Sana, p. 9

19 junho, 2006

Richard Zimler


Richard Zimler nasceu em Roslyn Heigts (Nova Iorque), em 1956 . Formou-se em Religião Comparada na Duke University e é mestre em jornalismo pela Stanford University.

Em 1990 veio viver para Portugal e naturalizou-se em 2002. É professor de jornalismo na Universidade do Porto.

Publicou:

- Último Cabalista de Lisboa (Quetzal, 1996)

- Trevas de Luz (Quetzal, 1998)

- Meia-Noite ou O Princípio do Mundo (Gótica, 2003)

- Goa ou o Guardião da Aurora (Gótica, 2005)

- À Procura de Sana (Gótica, 2006)

Foto: Michael Rayner

18 junho, 2006

E foi assim...


O primeiro encontrou do À volta das Letras foi, hoje, no Museu de Arte Antiga e foi um sucesso.

Correu como se desejava. Falou-se obviamente do livro lido durante o último mês, Primeiro as Senhoras de Mário Zambujal, mas de outras leituras, como Fortaleza Digital de Dan Brown, Zahir de Paulo Coelho, O Prenúncio do Fim de Rosa Lobato Faria, Gaudí de Mario Lacruz, entre outros.

Os filmes também foram tema de conversa. A Fogueira das Vaidades, Orgulho e Preconceito, Laranja Mecânica, a Crónica dos Bons Malandros,são apenas alguns exemplos dos filmes que foram comentados.

Por fim, marcou-se novo encontro e decidiu-se o novo livro.

Ficou então para dia 23 de Julho, às 10h30, no Museu do Chiado.

O livro escolhido foi À Procura de Sana de Richard Zimler.

O desafio está lançado, resta-me desejar boas leituras e até à próxima.

17 junho, 2006

À Procura de Um Poema

Um poema?
É para já. Poema
só pede inspiração
não é problema
ou teorema matemático.
Poema é liberdade
e vamos a ele
que se faz tarde.
Posso optar pelo dramático:
a morte
o ciúme
ou a má sorte
quando costume.
Em boa verdade
não faltam temas
para os poemas:
pôr-do-sol, lua cheia
as flores
odores
ondas na areia
o amor
pois, o amor.
Não é tema absoleto
e puxa até para o soneto.
Confesso-me indeciso.
Paria já um poema
sobre o dilema
se fosse preciso.
Mas não é o rumo.
Fumo e penso
penso e fumo.
O poema que quero
tem de ser um grito
imenso
infinito
sincero.
Talvez protesto social.
Esquece.
É boa briga
mas não me parece
que consiga
ser original.
Decide-te: o quê?
Deixa, logo se vê.
Logo, não. Agora.
Empurra-me isso
do compromisso
e chegou a hora.
Então, pronto,
Só preciso de calma,
Poema também é conto
O poeta conta
enlevo ou afronta
que lhe vai na alma.
Já sei: a mulher
com quem me cruzei
uma tarde qualquer
na rua da Prata,
carnudos os lábios
olhos de gata
os passos sábios
caminha elegante
ondulante
cabelo solto
revolto
despenteado
anca estreita
cintura perfeita
rabo alçado.
Um manequim.
Passeava-se à toa
sandálias modernas
e quanto a pernas
- as melhores de Lisboa.
Mulher assim
nem no cinema.
Vale um poema.

Mário Zambujal in Tantas Mãos, a mesma Primavera, Oficina do Livro, P.80

É Amanhã!


Finalmente chegou o dia do primeiro encontro do À volta das letras. Estou entusiasmada, é sempre bom falar de livros, seja o Primeiro as Senhoras ou outro que alguém ande a ler ou já tenha lido.
E como se costuma dizer as conversas são como as cerejas, atrás de uma vem logo outra.
Depois de ter lido e estado atenta à vida e obra de Mário Zambujal, apetece partilhar o que descobri e ouvir opiniões, sejam elas boas ou más. O importante é discutir.
Quanto ao local escolhido, Museu Nacional de Arte Antiga, vale sempre a pena visitá-lo e depois de passear por lá, nada melhor que um café na esplanada da cafetaria, tem uma vista de Lisboa, magnífica.
Bom o convite está feito, apareçam.
Museu Nacional de Arte Antiga, às 10h30, na cafetaria.

16 junho, 2006

A insinuação

"A insinuação é a valentia dos manhosos. Quem insinua não acusa, por falta de certezas ou de tomates, mas vai acusando."
in Primeiro as Senhoras, P. 77

Anúncio do fim...

"Terceiro tlintlim, ouviu? Anúncio do fim. Subtilmente, traz-me a sensação de que anda tudo a pilhas. Por exemplo, a relação com a Renata exige ser recargada. Mas que adianta, se ela se desligou?
Passe um magnífico domingo e até amanhã."


In, Primeiro as Senhoras, pág. 78

Puxar pela cabeça é verbo que implica esforço

"«Edgar», [dizia-lhe o pai], «nada se consegue sem puxar pela cabeça.»

Parece fácil. Mas puxar pela cabeça é verbo que implica esforço. E cabeça não se limita a esta espécie de abóbora óssea que carregamos no pescoço. Puxar pela cabeça é pressionar a substância nervosa que ocupa a quase totalidade da caixa craniana. "
in Primeiro as Senhoras, P.48

15 junho, 2006

Ideias ...

"O crime perfeito só existe quando a investigação é imperfeita"

"A pior solidão é quando estamos acompanhados e os outros nos ignoram."

A importância das criaturas nem sempre se mede pelo rebuliço que provocam (....)"

in Primeiro as Senhoras, P.13, 27 e 28.

Dilema

"Horrível dilema. Os dilemas são cruzamentos sem sinais, uma pessoa não sabe onde virar. Na sexta-feira meti-me num. Quando terminámos a nossa conversa da tarde, andei por aí, passeando, absorto: de repente, vejo-me a vinte metros da butique da Renata."

in pág. 76, Primeiro as Senhoras

14 junho, 2006

Piropos

«A partir daí deu-me para os piropos. Piropo tem mal? Não tem. Vem dos antiquíssimos madrigais, ou antes, antes, desde que existem mulheres e homens com olhos na cara.
(...) os piropos são homenagens que se prestam, com ou sem objectivo.»
in Primeiro as Senhoras, P.29

Há dias em que um piropo, inteligente e com humor, nos ajuda a levantar a moral. Não concordam?
O que pensam os homens deste bom malandro?

Continuamos a ler...

"Todas as mulheres são diferentes mas cada uma faz lembrar as outras."

In pág. 49

Primeiro as Senhoras

13 junho, 2006

Mário Zambujal no programa Escrita em Dia

Programa Escrita em Dia de Francisco José Viegas, na Antena Um, com Mário Zambujal. Pode ser ouvido, aqui.
Via Origem das Espécies.

Mário Zambujal

Mário Zambujal nasceu a 5 de Março de 1936, no Alentejo. Viveu a sua adolescência no Algarve e foi aí que nasceu a sua carreira de jornalista.
A sua ocupação não fica só pelo jornalismo foi também apresentador de programas de televisão e rádio, director de jornais (Tal e Qual, Sete), revistas e escritor.
Mário Zambujal define-se a si mesmo como um homem de muitas paixões.
O seu primeiro livro, que já vai na 28ª edição, Crónica dos Bons Malandros, chega ao público em 1980, seguido de Histórias do Fim da Rua (1983), A Noite Logo se Vê (1986), Os Novos Mistérios de Sintra, este partilhado com mais seis escritores (2005) já este ano Primeiro as Senhoras.
Mais recentemente foi lançado o Código de Avintes, onde Mário Zambujal participa com mais seis escritores, à semelhança de Os Novos Mistérios de Sintra.
Mário Zambujal é um bom malandro de setenta anos, com um sentido de humor refinado que passa para os seus livros.

12 junho, 2006

Para abrir o apetite...

" Quem me conhece pode confirmar: se há defeito a que a natureza me poupou é a hipocrisia. Primeiro as senhoras. Nunca por nunca ocultei o apreço por mulheres, sobretudo as especiais, como é o evidente caso da Renata Emília...."
in Pág. 26
Primeiro as Senhoras

Estamos a ler ...

11 junho, 2006

À Volta das Letras ...

O blogue À Volta das Letras nasceu ontem de uma conversa, numa esplanada, na Feira do Livro de Lisboa, com o objectivo de apoiar e permitir a troca de ideias, pensamentos, opiniões sobre os livros propostos pelo clube de leitura. Está aberto a todos os que queiram participar.

O clube de leitura, é uma forma de juntar pessoas, não apenas de uma forma virtual, que partilham o gosto de ler e não só.

Mensalmente é proposto um livro ou mais, e é marcado um encontro num Museu.

Iremos privilegiar, num primeiro momento, autores que de uma forma ou de outra tenham ligação a Portugal.

Bem-Vindos

O Clube de Leitura mudou de nome e tem um blogue próprio.

Continuamos a ler Primeiro as Senhoras de Mário Zambujal e o primeiro encontro literário vai ser no dia 18 de Junho às 10h30, na cafetaria do Museu de Arte Antiga.