26 fevereiro, 2010

Até Domingo,

às 10h30 na cafetaria do MUDE, o livro em "discussão" é o 1984. Mais uma vez temos muita conversa garantida. Livros, filmes, séries... São alguns dos nossos assuntos preferidos.

Já estou a ler Pela Estrada Fora de Jack Kerouac...


Boas leituras.

17 fevereiro, 2010

O termo Vaporizada ...

«Não pôde impedir-se de sentir um arrepio de pânico. Era absurdo, pois o facto de ter escrito aquelas palavras não seria mais perigoso do que o acto inicial de abrir o diário; mas por momentos esteve tentado a arrancar as páginas usadas e abandonar de vez o intento.

Não o fez, todavia, pois sabia que era inútil. Quer escrevesse ABAIXO O GRANDE IRMÃO, quer se coibisse, não fazia diferença. Tanto adiantava que continuasse com o diário como não. Fosse como fosse, a Polícia do Pensamento haveria de o apanhar. Tinha cometido - e teria cometido na mesma, ainda que nunca tivesse pegado na caneta - o crime essencial que continha em si todos os outros. Pensarcrime, assim lhe chamavam. O pensarcrime não era uma coisa que se pudesse esconder eternamente. Uma pessoa podia esquivar-se com êxito durante algum tempo, durante anos até, mas mais tarde ou mais cedo seria fatalmente apanhada.

Acontecia sempre durante a noite - as prisões executavam-se invarialvelmente à noite. O despertar em sobressalto, a mão rude a abanar-nos o ombro, as luzes cruas a ferir-nos os olhos, o círculo de rostos duros à volta da cama. Na esmagadora maioria dos casos não se procedia a julgamento, nem auto de prisão. As pessoas limitavam-se a desaparecer, sempre durante a noite. O nome era apagado dos arquivos, suprimido todo e qualquer registo do que a pessoa alguma vez tivesse feito, negado e depois esquecido o facto de alguma vez ter existido tal indivíduo. A pessoa era abolida, aniquilada: vaporizada, o termo geralmente usado. »

George Orwell, 1984, Colecção Mil Folhas, P. 23

16 fevereiro, 2010

Dois Minutos de Ódio

«Foi quase às onze horas, no Departamento de Arquivo, onde Wiston trabalhava, estavam a arrastar as cadeiras para fora dos cubículos e a reunu-las no meio do salão diante do telecrã, preparando os Dois Minutos de Ódio. (...)

Como de costume, surgira no telecrã o rosto de Emmanuel Goldstein, o Inimigo do Povo. Ouviam-se aqui e ali assobios dos espectadores. (...) Goldstein era o renegado e o apóstata que outrora, há muito tempo (há quanto tempo, ninguém se lembrava ao certo), fora uma das figuras cimeiras do Partido, quase ao nível do Grande Irmão, e depois desenvolvera actividades contra-revolucionárias, sendo condenado à morte, mas conseguira fugir e desaparecer misteriosamente. Os programas dos Dois Minutos de Ódio variavam de dia para dia, não havendo nenhum em que Goldstein não fosse a figura principal. Ele era o traidor primevo, o primeiro corruptor da pureza do Partido, todas as traições, actos de sabotagem, heresias, desvios, eram o resultado directo dos seus ensinamentos. (...)

Ainda não tinham passado trinta segundos de Ódio e já metade da sala soltava incontroláveis exclamações de raiva. (...)

No segundo minuto o Ódio transformou-se em frenesi. As pessoas saltavam das cadeiras e berravam a plenos pulmões, esforçando-se por abafar os balidos ensurdecedores que vinham do ecrã. (...)

O que tinham de horrível os Dois Minutos do Ódio não era a obrigatoriedade de cada qual representar um papel, mas, pelo contrário, o facto de ser-se impossível não participar.»

George Orwell, 1984, Colecção Mil Folhas, p. 16, 17, 18 e 19.

Os Ministérios

«O Ministério da Verdade (...) era surpreendentemente diferente de todos os outros objectos visíveis. Enorme estrutura piramidal de luzidio cimento branco, elevando-se, terraço sobre terraço, a 300 metros de altura. De onde Winston se encontrava, era ainda possível ler, gravados na face branca do edifício em letras elegantes, os três slogans do partido:

GUERRA É PAZ
LIBERDADE É ESCRAVIDÃO
IGNORÂNCIA É FORÇA

O Ministério da Verdade tinha (...) três mil salas acima do solo, e outras tantas ramificações subterrâneas. Espalhados por Londres havia apenas outros três edifícios com aspecto e dimensões semelhantes. Esmagavam tão completamente a arquitectura circundante que do telhado das Mansões Vitória era possível ver os outros quatro todos aos mesmo tempo.Tratava-se das sedes dos quatro Ministérios entre os quais se repartia todo o aparelho governativo. O Ministério da Verdade ocupava-se das notícias, dos divertimentos, do ensino e das belas- artes. O Ministério da Paz, que se ocupava da guerra. O Ministério do Amor, que garantia a lei e a ordem. E o Ministério da Riqueza, responsável pelos assuntos económicos. Os seus nomes, em novílingua: Minivero, Minipax, Miniamor e Minirico.

De todos eles, realmente medonho era o Ministério do Amor. Sem uma única janela.»

George Orwell, 1984, Colecção Mil Folhas, p. 9 e 10.

1984 - a primeira frase ...

«Era um dia claro e frio de Abril, nos relógios batiam as treze. Winston Smith, queixo aninhado no peito, num esforço para se proteger do malvado vento, esgueirou-se depressa por entre as portas de vidro das Mansões Vitória, não tão depressa, porém que não entrasse com ele um turbilhão de poeira arenosa.»

George Orwell, 1984, Colecção Mil Folhas, 2002.

13 fevereiro, 2010

Lembrete

Encontro do À Volta das Letras dia 28, 10h30, na cafetaria do MUDE. O livro em "discussão" é o 1984 de George Orwell. Venham conversar sobre o 1984 e sobre livros, cinema, teatro, politica, trabalho, comida, viagens e tudo aquilo que literalmente vier à baila.

Boas leituras

12 fevereiro, 2010

Começas agora a entender-me?

“Fingiam, talvez até acreditassem, terem tomado o poder a contragosto e por um período de tempo limitado, e que logo ao virar da esquina havia um Paraíso onde os seres humanos poderiam ser livres e iguais. Nós não somos assim. Sabemos que ninguém toma o poder com o intuito de o deixar. O poder não é um meio, é um fim. Não se instaura uma ditadura para se salvaguardar uma revolução; faz-se a revolução para se instaurar é a perseguição; o da tortura é a tortura; o poder do poder, o poder. Começas agora a entender-me?”

Pág. 264

10 fevereiro, 2010

Big Brother





O grande irmão adaptado a um concurso de televisão. Mudou o panorama da televisão portuguesa, depois disto quase tudo é possível. A questão é se foi para melhor?