29 outubro, 2009

Encontro À Volta das Letras no café Saudade em Sintra

No passado domingo realizou-se mais um encontro do À Volta das letras. O local escolhido foi o Café Saudade, em Sintra, uma sugestão da Rute. O café revelou-se um local muito agradável e acolhedor. Neste encontro contámos com a presença da Rute, da Catarina, do Pedro, do Paulo, do Ricardo e de mim.

Falámos de Madame Bovary, de 2666 - o livro que anda a fazer furor, de Onésimo Teotónio Almeida e do seu último livro - De Marx a Darwin, entre muitos outros assuntos.

Foi uma manhã divertida, à volta de uma mesa cheia de livros e de boa comida, como não poderia deixar de ser.


O livro do mês de Novembro é O Deus das Moscas de William Golding.


O próximo encontro será promovido através de um jantar no restaurante Caracol, no Bairro Alto.

Até lá, boas Leituras!

19 outubro, 2009

Encontro com sabor a chá


Agora que o Outono finalmente chegou, trago-vos uma proposta algo diferente para mais um encontro do À Volta das Letras. Sintra. Uma sala de chá, mas não uma vulgar sala de chá. Chama-se A Saudade. Fica num prédio que já foi uma fábrica de queijadas, os actuais donos fecharam-se durante um ano para recuperar aquele espaço. Hoje é um sítio que apetece estar, rodeados de velharias e iguarias, que convida a leituras.

Por isso parece-me o local ideal para levarmos a Senhora Bovary a beber um chá, que vos parece? Próximo Domingo às 1030 junto à estação de Sintra.

Até lá boas leituras.

14 outubro, 2009

Desvantagem



Qual a grande desvantagem de se ler dois livros ao mesmo tempo sendo um deles o 2666? Uma terrivel dor nas costas.

Boas leituras!

12 outubro, 2009

Critica ao romance Madame Bovary

"A edição comemorativa dos 150 anos da publicação do romance Madame Bovary, de Flaubert, pela Nova Alexandria, traz a íntegra do processo movido pelo Ministério Público de Paris contra o texto que ofendia a moral e a religião. A inclusão do processo no volume torna possível uma avaliação sobre o modo como foi recebido o romance, ainda que, pela ocasião em que se deu, Madame Bovary tivesse sido publicado na Révue de Paris, não estando em livro todavia. É tal o grau da mistura entre autor, personagem e linguagem que não se sabe quem está sendo agredido, se Gustave Flaubert, se Emma Bovary ou se o estilo do livro. Diante disso, fica imortalizada também a exclamação de Flaubert: “Madame Bovary, c’est moi!”.O subtítulo “Costumes de província” é importante para começar a formação da idéia em torno do que se pode esperar: uma história banal dentro de um cotidiano mais banal ainda e que, talvez por isso, tenha alcançado a tragédia. Vale lembrar que Henry James definiu o romance sobre a saga de Emma como o “épico do comum”. Um comum com tal força que foi parar no dicionário: o “bovarismo” acabou por indicar a tendência de certos espíritos romanescos de fugir da realidade e emprestarem a si mesmos uma personalidade fictícia, numa definição usando um pouco dos dois dicionários, o Aurélio e o Houaiss.Emma Bovary não consegue cumprir o destino tedioso guardado para as mulheres na vida privada burguesa e idealiza uma vida apaixonante e um viver apaixonada. Deixar de ser o que toda mulher deveria ser, levou-a ao trágico desfecho. É o olhar crítico para a sociedade oitocentista que abala tal sociedade, ou que a ameaça; enfim, é a literatura realista abrindo uma via de leitura, além do aceitável ou desejável.A professora Eliane Robert Moraes, da PUC-SP, tem uma colocação interessante diante do reconhecimento da imparcialidade do texto de Flaubert quando o narrador não demonstra compaixão nem desprezo, tampouco apelo moral, como se o autor estivesse “transferindo para o leitor a desconfortável tarefa do julgamento”. Eliane atenta que assim fundou-se um novo pacto entre a literatura e seu público: “Não mais o pacto encarnado por Madame Bovary que se perdia nos romances para compensar a banalidade da vida, mas aquele do ‘leitor hipócrita’, cúmplice das incertezas de seu próprio criador”. Adiante com a argumentação e acrescentando a reunião dos poemas de Charles Baudelaire, As Flores do Mal, igualmente causadora de processo, a professora conclui que há 150 anos nasciam as duas primeiras obras-primas do modernismo.A edição comemorativa é primorosa e a leitura dos autos da ação movida contra Flaubert concorre para aumentar o envolvimento do leitor com o clássico da literatura francesa. É sempre um prazer revisitar Emma e certas cenas antológicas, como a do fiacre, ou qualquer outra dentre as “artes” de Emma."
Retirado do blogue Leitora Crítica

10 outubro, 2009

Pãezinhos em forma de turbante, como se chamarão?

«A senhora Homais apreciava muito aqueles pãezinhos desengraçados, em forma de turbante, que se comem na quaresma com manteiga salgada; último vestígio dos alimentos góticos, que remonta talvez ao século das cruzadas, e de que os robustos Normandos se abarrotavam noutros tempos, julgando ver na mesa, à luz amarelada das tochas, entre jarros de hipocraz e gigantescas peças de carne, cabeças de sarracenos para devorar. A mulher do boticário trincava-os como eles, heroicamente, apesar da sua detestável dentição; por isso, sempre que Homais ia à cidade, não deixava de lhos levar, comprando-os em casa do principal fabricante, na Rua Massacre.»

Breve biografia de Gustave Flaubert

"Escritor francês (1821-1880). É um dos representantes mais importantes do romance realista. Nasce em Rouen e cresce no hospital onde seu pai trabalha como cirurgião-chefe. Começa a escrever em 1843, depois de ser reprovado nos exames de Direito da Universidade de Paris. Um ano depois, com epilepsia, isola-se em um sítio em Croisset, perto de Rouen, propriedade de seu pai. Faz amizades no círculo literário parisiense e escreve duas novelas, publicadas bem mais tarde: A Educação Sentimental (1869) e A Tentação de Santo Antônio (1874). Entre 1849 e 1851, viaja à Africa de onde traz as anotações para o livro Salambô (1862), sobre a queda da antiga civilização de Cartago. Em 1856, após cinco anos de trabalho, publica Madame Bovary , seu romance mais importante, no qual critica os valores românticos e burgueses da época. O livro conta a história de Emma Bovary, que se entrega a sucessivos casos de adultério para fugir da vida medíocre que julga levar ao lado do marido, um médico de província. O romance, que termina com o suicídio de Bovary, causa escândalo na França. Flaubert é acusado de imoralidade e submetido a julgamento."