28 setembro, 2009

Em casa do marquês

«Depois da ceia, em que foram servidos muitos vinhos de Espanha e do Reno, cremes de marisco e de leite de amêndoas, pudins à Trafalgar e toda a espécie de carnes frias com geleias em volta, tremendo nos pratos, as carruagens, umas após outras, começaram a retirar-se.»

Carlos ...

«A conversação de Carlos era chata como o passeio de uma rua, e nela desfilavam as ideias de toda a gente, no seu revestimento comum, sem excitar qualquer emoção, riso ou motivo para meditar. Nunca tivera a curiosidade bastante, dizia ele, para, enquanto habitava Rouen, ir ao teatro ver os actores de Paris. Não sabia nadar, nem esgrimir, nem atirar à pistola, e um dia teve dificuldade em explicar-lhe um termo de equitação que ela encontrara num romance.»

27 setembro, 2009

Leitura paralela - Os homens que odeiam as mulheres


Está certo, dou a mão à palmatória. Requisitei-o na sexta, peguei-lhe no sábado à noite. Passei com ele a madrugada, foi comigo votar, esplanada no Kaffehaus, dentro do carro, sofá, cama, sofá, bancada da cozinha, sofá. Após 539 páginas, leve cansaço nos olhos, não tenho o 2º volume à mão. Vou ressacar e já venho.

P.S.: Em época de eleições, voto na esplanada do Kaffehaus como a melhor esplanada de Lisboa para ler.
Boas leituras!

22 setembro, 2009

O casamento de Carlos e Ema

Procurando seguir o plano de leituras do À Volta das Letras, este mês é dedicado a Madame Bovary de Gustave Flaubert. Para abrir o apetite aos que ainda não iniciaram a leitura, aqui fica a ementa degustada no casamento de Carlos e Ema:

«Foi debaixo da cocheira que foi posta a mesa. Havia em cima quatro travessas de lombo, seis com frango de fricassé, frigideiras com bifes de vitela, três pernas de carneiro e, ao meio, um belo leitão assado, tendo aos lados quatro chouriços com azedas. Aos cantos da mesa erguiam-se frascos de aguardente. Em volta das rolhas das garrafas escapava-se a espuma grossa da cidra doce, e todos os copos tinham antes sido cheios até aos bordos. Grandes pratos de creme, que tremiam à menor oscilação da mesa, ostentavam, desenhadas sobre a superfície unida, as iniciais dos noivos em pedaçinhos de maçã. Tinham mandado fazer a um pasteleiro de Yvetot as empadas e o doce de nozes. Como era novo na região tinha-se esmerado; e ele próprio trouxe, à sobremesa, um bolo enfeitado que fez saltar gritos. Na base, via-se um rectângulo de cartão azul representando um templo com pórticos, colunatas e estatuetas de estuque, à volta, em nichos constelados de estrelas de papel dourado; depois, no segundo andar, havia uma torre de doce de Sabóia, rodeada de pequenos castelos de amêndoas, uvas secas e gomos de laranja; e por fim, na plataforma superior, que era um prado verde onde havia rochedos com lagos de compota e barcos de casca de avelã, via-se um pequenino Amor sobre um baloiço de chocolate, seguro nas extremidades por dois botões de rosa naturais, à maneira de esferas, no cume.»

Dois dias depois do casamento, Carlos e Ema partem para Tostes. Cheguei com eles à casa onde Carlos viveu com a sua primeira mulher.

Comecem a ler e venham daí comigo.

13 setembro, 2009

Jesusalém - Leitura paralela


Durante este fim-de-semana agarrei-me ao livro de Mia Couto, Jesusalém. Gostei menos de que estava a espera, mas ainda assim foi um livro que me manteve presa da primeira até à última página. Mia Couto conta-nos a história de Silvestre Vitalício ou Mateus Ventura que foge para uma terra a que dá o nome de Jesusalém. Quem nos conta a história é o seu filho mais novo cuja especialidade é saber estar em silêncio. Mia Couto é bom em brincar com as palavras e a construir enredos que se vão revelando muito devagarinho deixando uma peça fundamental para o fim.

Boas leituras!

10 setembro, 2009

Pobby and Dingan - Leitura paralela


A Sofia já por várias vezes me tinha falado deste livro mas por diversas razões fui sempre adiando esta leitura. A Sofia que não é de meias medidas e já devia estar farta de tanta hesitação, mandou-me o livro… Tive mesmo de o ler. O Pobby e Dingan de Bem Rice pode ser “catalogado” como um livro infantil, para adolescentes, adultos e terceira idade. Cabe em qualquer faixa etária. A história é muito simples, uma menina que tem dois amigos imaginários ... e não posso revelar mais correndo o risco de vos estragar a surpresa. É um livro muito pequenino (79 páginas) mas delicioso.



Sofia, obrigada pela partilha.

09 setembro, 2009

Ler e partilhar

Nos últimos dias, estive numa formação chatíssima e como sempre fui acompanhada de um livro, nos intervalos ou nas horas de almoço aproveitei para ir lendo. Num dos dias em que cheguei mais cedo (sou estupidamente pontual) e que ainda não tinha chegado ninguém tirei o livro da mala e comecei a ler. Fui interrompida por um grito de espanto por uma colega de formação, que muito admirada me perguntou “gostas de ler?”, ao que respondi que sim, de que até era mais que gostar era um vício.

A colega não perdeu tempo e começou a falar dos livros que mais tinha gostado, do que andava a ler, do que não conseguia ler de todo. Quase no fim daquela conversa disse-me que só tinha pena da solidão que sentia quando acabava de ler um livro, porque não tinha ninguém com quem conversar sobre livros! Percebi muito bem o que me quis dizer, não há tantos anos quanto isso, quando terminava um livro, sentia isso mesmo, apenas duas amigas partilhavam desse gosto/vicio, o que já não era mau. Aliás essa foi a uma das razões para a criação deste blogue, a partilha de leituras.

Hoje vivo no maravilhoso mundo dos livros e o difícil é falar sobre outras coisas sem ser de livros, no entanto encontrar pessoas que se sentem sozinhas quando terminam de ler um livro enche-nos de motivação para continuar este blogue e manter os encontros mensais. No próximo encontro do À volta das letras vou convidar a colega “solitária” para partilhar as suas leituras com o nosso grupo.


Boas leituras e boas partilhas.