14 setembro, 2008

A que se deve a falta de espírito empreendedor dos dias de hoje?

Em 1509, a 11 de Setembro, chega a Malaca uma expedição portuguesa liderada por Diogo Lopes Sequeira.

«Provavelmente, o porto onde a expedição de Sequeira atraca é, nessa altura, o mais traficado do mundo asiático. O sultão convida os portugueses a visitar a cidade, a entabular todas as negociações que desejarem e a estabelecer uma feitoria no porto. Propões-lhes também vender a sua própria mercadoria, pimenta, que se encontra num armazém não muito distante do cais. Basta que o capitão Sequeira envie os seus homens a recolher a pimenta no armazém. O capitão aceita, contente. É uma emboscada.

Enquanto cerca de uma centena de tripulantes se dirige ao armazém do sultão, os navios portugueses começam a ser sub-repticiamente cercados por dezenas de sampanas, botes malaios. Sequeira não se apercebe: joga xadrez na sua cabina com um enviado do sultão. Mas o capitão Garcia de Souza, num outro navio, dá conta. É manda o seu oficial mais desenrascado numa chalupa a avisar Sequeira. O oficial é Magalhães. Sem demonstrar inquietude, Magalhães rema pela barreira de sampanas, sobe ao navio principal, entra na cabina do capitão e encontra Sequeira absorvido no xadrez, rodeado por vários malaios armados com espadas. Mantendo sempre uma calma aparente, Magalhães avisa Sequeira da emboscada.

Entretanto, na cidade, os portugueses são atacados. Alguns refugiam-se no armazém, outros tentam o regresso ao porto. A maioria é capturada. Sequeira e Magalhães conseguem desembaraçar-se dos malaios a bordo, e os navios da expedição escapam do cerco que lhes é montado. Mas a emboscada de Malaca representa uma derrota humilhante para Portugal, e um grave revés no percurso logico da supremacia marítima idealizada por D. Manuel.
(...)
No dia 11 de Julho os portugueses estão ao largo de Malaca. Contam com 19 navios, 800 soldados nacionais e 600 arqueiros mercenários. O sultão dispõe de 20.000 homens de armas e 3000 canhões. Após seis semanas de assédio, seguidas de um violento assalto os portugueses conquistam, por fim, Malaca. Trata-se de mais um desses inacreditáveis feitos heróicos lusitanos que, tentando explicar com a falta de espírito empreendedor dos dias de hoje, assume contornos sobrenaturais. A bravura de Magalhães no assalto a Malaca é mencionada numa crónica da época.» p. 55 e 56

Ao ler este excerto lembrei-me de várias coisas. A primeira foi que este acontecimento da nossa história dava um grande filme. Cheio de aventura, acção e muitos heróis. Que actores portugueses escolher para os papéis de Sequeira ou de Magalhães?

Lembram-se de algum filme português relacionado com os Descobrimentos?

De livros, lembro-me logo de A Lenda de Martim Regos do escritor e jornalista Pedro Canais. Agora de filmes, neste momento não me recordo de nenhum.

Outra das coisas que este excerto me fez pensar foi, como o próprio Gonçalo Cadilhe refere, a falta de empreendedorismo dos portugueses actualmente. O estilo de vida a que nos agarrámos leva-nos a pensar muito antes de tomar uma decisão mais arriscada. Associo num primeiro momento a palavra empreendedorismo à criação de um negócio ou actividade. Depois associo também à capacidade que algumas pessoas têm de serem empreendedoras no seu local de trabalho, mas por enquanto vou-me referir apenas à primeira.

O estilo de vida a que nos agarrámos leva-nos a comprar uma casa que ficamos a pagar durante 30 ou mais anos. Juntamente com a casa, temos o carro. Para não falar de situações mais dramáticas em que as pessoas pedem empréstimos para o recheio da casa, para as férias, etc ... Muitos de nós vivem presos às obrigações económicas! Nesta altura é mais fácil manter o emprego do que saltar para algo que não dá garantias. É mais fácil ser comodista do que empreendedor. Quem é que nestas condições pensa em mudar de vida e arriscar num negócio próprio, por exemplo?

Em Portugal não temos também incutido o espírito da mobilidade. Noutros países, ditos de primeiro mundo, há transportes mais eficientes e rendas de casa mais acessíveis. Não se fica preso a um lugar como aqui.

12 setembro, 2008

Régua, instrumento pedagógico?

"Ao serviço de Francisco de Almeida, na armada que, em 1505, navega para a Índia, Magalhães participa no processo de conquista, pilhagem ou anexação de algumas das principais cidades-estado da África Oriental."

Pág. 29

Fiquei em choque quando ouvi pela primeira vez que os portugueses pilhavam, queimavam e maltratavam os povos conquistados. Depois de uma professora primária, admiradora confessa de Salazar, nos dar a história de Portugal como uma epopeia cheia de heróis e onde, claro, os portugueses eram sempre os maiores e muito bonzinhos, tive alguma resistência em acreditar que aquela história que ouvia, agora no 7º ano, fosse a verdadeira.

Com o tempo lá fui aceitando melhor, mas ainda hoje quando leio relatos em que descrevem as atrocidades cometidas pelos portugueses me lembro da Professora Zulmira, que apesar de utilizar o método pedagógico da régua de madeira com buracos, foi sem dúvida uma excelente Professora Primária, que nos conseguiu incutir o gosto história de Portugal (ainda que um bocadinho embelezada).
Boas leituras.

11 setembro, 2008

Turistas por um dia.


“Às vezes penso na sorte que têm os turistas quando chegam à minha capital. (…) Está gasta.”

Um dos motivos para que, inicialmente, os encontros do À Volta das Letras fossem num Museu era de seguida os irmos visitar, porque apesar de sermos ou morarmos em Lisboa havia museus que ainda não conhecíamos. Isto parece-me hoje tão estranho! Como é possível que há meia dúzia de anos atrás não conhecesse o Museu da Cidade ou o Museu Nacional de Arte Antiga, quando a primeira coisa que faço quando vou para outro país é visitar os principais museus. Curiosamente não é tão raro quanto isso ouvir alguém falar maravilhas do Museu do Prado, do Louvre, ou da Tate Gallery e ficar surpreendida pois essa mesma pessoa que já visitou tantos museus não conhece o vizinho Museu Nacional de Arte Antiga.

Porque valorizamos tanto outras cidades e não nos maravilhamos com a nossa? Já pensei pegar numa mochila, num guia da cidade, calçar uns ténis e fingir-me de turista por Lisboa a fora… Que tal num próximo encontro sermos turistas por um dia em Lisboa, soa bem não soa?

Gonçalo Cadilhe acha que Lisboa está gasta. Não concordo. Não me lembro de ver tanta coisa a acontecer nesta cidade ao mesmo tempo, a dificuldade é escolher. Museus abertos à noite, espectáculos de rua, esplanadas novas com música agradável, concertos a 5 euros e gratuitos. Tinha programa para todos os dias, senão fosse uma comum mortal com horários de trabalho fixos. Acho que o nosso viajante preferido precisa de uma visita guiada por Lisboa.


Pág. 27, Nos Passos de Magalhães

09 setembro, 2008

Os Maiores Navegadores de sempre ...

«No percurso comum de todos nós ao longo dos séculos, ou seja, na História Universal, há três homens que, sem lugar para grandes polémicas, são considerados os maiores navegadores de todos os tempos. Um deles é inglês, o capitão James Cook; o outro é italiano, o almirante Cristóvão Colombo. E outro ainda, é um português: Fernão de Magalhães é o maior navegador português da História da Humanidade.»

in Nos Passos de Magalhães, p. 15

Ora aqui está. Fernão de Magalhães é um dos maiores navegadores de sempre. Deveríamos estar mais que orgulhosos. Deveria haver muitas mais referências e cada português deveria sentir um imenso orgulhoso com o feito deste homem extraordinário que nasceu em 1480 e faleceu em 1521.

Gonçalo Cadilhe refere que na casa em que nasceu Fernão de Magalhães, em Sabrosa, existe uma placa a homenagear o navegador colocada ali pela embaixada do Chile. Mas será que as gentes de Sabrosa andam a dormir? Como é que não aproveitam este facto para divulgar a localidade?

Cadilhe refere: «Entramos num edifício moderno, nos limites do centro histórico, que neste momento serve, entre outros fins, de sede da autarquia. A vereadora (...), mostra-me a sala ampla e vazia: a biblioteca municipal. "Como não temos livros, nem verba para os comprar, estamos a projectar transformar este espaço num museu Magalhães"» p. 22

Acho piada. Não há dinheiro para a biblioteca, como é que vai haver para o museu? Que país é este?

Em homenagem ao nosso grande navegador temos:
- o Estreito de Magalhães;
- Região de Magalhães;
- Universidad de Magallanes (Chile);
- estátua na cidade Puerto Arenas (Chile);
- estátua de Magalhães na Praça do Chile em Lisboa (réplica da existente no Chile);
- sonda Magalhães da Nasa.

O governo português lançou este ano os computadores Magalhães. O nome escolhido terá sido em honra deste grande navegador ou uma forma de promover os ditos computadores com o nome do navegador? Se calhar as duas hipóteses! Assim, pelo menos o nome Magalhães vai andar na boca de muita gente.

Bom dia.




INVEJOSA 05.09.2008 00.56H


Para os leitores do Destak jornal, e não da edição online, aqui fica uma das "pérolas" que alguns aí escrevem a coberto do anonimato. Este é um exemplo do ódio que circula por este País, entre gente muito diversa. Alguém perdeu o seu tempo precioso para escrever injúrias que ultrapassam em muito o facto de gostar ou não da escrita de uma mera cronista do Destak.
Quem é o ser humano que ataca outro afirmando que as suas opiniões são anormais (sobre os erros ortográficos nem vale a pena falar) porque sofreu um AVC? O Destak é um "jornaleco da PIDE"? Como é possível usar da liberdade de imprensa garantida pela Revolução para insultar sem saber sequer o significado das palavras? Se a PIDE existisse o senhor ou senhora que destilou este ódio não o poderia fazer, mas claro, ele ou ela não fazem ideia do que dizem ou escrevem! E, claro, não podia faltar o ataque sexista, a tentativa de rebaixar a cronista, porque é sempre possível utilizar afirmações de carácter sexual quando se trata de uma mulher.
Porque perco tempo com este assunto? Porque basta andar na rua e ouvir a linguagem que muitos utilizam e que há anos atrás era impensável. Porque Portugal atravessa uma grave crise económica mas a verdadeira crise é muito mais grave: é uma carência de valores, de noção de ética e de respeito.


Luisa Castel-Branco”


Hoje de manhã, na minha habitual viagem de comboio despertou-me a atenção a crónica da Luísa Castel-Branco. Não tenho nenhuma opinião formada sobre a senhora em questão, não li nada dela, mas reconheço-a como uma figura de peso da nossa televisão e da comunicação social.

Depois de ler o texto acima exposto fiquei com vontade de ler mais alguma coisa dela ou pelo menos estar atenta as crónicas que escreve no Destak. Isto porque, ela não só teve coragem de colocar o bonito comentário que podem ler em cima como lhe respondeu muito bem. Esta crónica deixou-me a pensar o resto da viagem.

Este assunto não tem a ver propriamente com o livro que andamos a ler, mas sim com o livro A Última Aula de que se falou no último encontro. Não andaremos nós a perder demasiado tempo a dizer mal, a criticar sem fundamento apenas pelo prazer de chatear o próximo? Não andamos muito tempo de cara zangada com problemas sem grande importância? Não andamos a gastar a nossa energia com coisas desnecessárias?

E a falta de educação? Quem trabalha com o público passa todos os dias um tormento mas não é por isso que se torna uma pessoa melhor, pelo contrário. Parece uma bola de neve. O senhor do autocarro foi mal-educado? Vingo-me na senhora do café ou no senhor do quiosque das revistas… Que exemplo damos aos nossos filhos se nem os bons dias damos à pessoa que está à nossa frente?


Inspirada pelo livro "A última aula" e com a preocupação de querer um mundo melhor lanço aqui um desafio. Vamos tentar ser melhores pessoas, não se exige grandes medidas, apenas um esforço mínimo como dizer sempre os bons dias acompanhado por um sorriso, responder com delicadeza a um mal disposto e porque não dar o nosso lugar a uma pessoa mais velha no autocarro ou deixar passar o taxista mesmo que este não tenha prioridade.

Até já. :)



08 setembro, 2008

Foi mais ou menos assim...


Mais um encontro… depois do silêncio das férias, era inevitável que este encontro fosse bastante animado. Desde já pedimos desculpa aos clientes da simpática esplanada da Cafetaria Quadrante do BBC, pelo barulho que fizemos. Mas teve de ser, os livros que lemos, os filmes, as viagens e claro como não podia deixar de ser, o nosso olhar sobre a sociedade onde nos mexemos, obrigou a conversas cruzadas, sobrepostas e por vezes ao aumento de volume.

Fica aqui um breve resumo do que se disse em relação ao que mais nos interessa ou pelo menos ao que nos une:

Lemos este Verão o livro do Luís Alves Milheiro, Um café com sabor diferente, com a presença do autor, ficou esclarecido que os contos eram mesmo ficção e não autobiográficos, que existe um grande orgulho em viver em Almada e um gostinho pelo contar de histórias. Novo livro na forja, aguardamos com curiosidade.

Outras leituras:

Não posso deixar de falar de um dos livros que mais gostei este Verão, O comboio nocturno para Lisboa de Pascal Mercier, adorei o livro, fez-me passear pelas ruas de Lisboa com um olhar mais atento. Uma história de Amor de Nicole Krauss, outra leitura seleccionada para a praia, desengane-se que procura uma história de amor levezinha, o livro é bem mais complexo que o seu título. Depois destas obras-primas refugiei-me nos Pilares da Terra de Ken Follet de quem só tinha lido um lugar chamado liberdade. Apesar de não ter ido de férias foi um Verão muito bem passado.

Quanto à Laranjinha trouxe-nos com o entusiasmo a que já nos habituamos o livro, A Última Aula de Randy Pausch, ao que nos contou o livro aponta para uma filosofia de vida que deveríamos todos seguir, a começar pelo nosso governo. Outra das leituras que nos falou foi o livro de viagens de Clara Pinto Correia – A outros caminhos de mundo, que melhor companhia para uma viagem que um livro de viagens?

Outro título de que se falou foi o Eclipse da Stephenie Meyer quem segue o Avada Kedavra já percebeu que a Minerva é fã desta autora, mas segundo ela, não vou gostar deste livro porque entra no género dos Harry Potter, não faz de facto o meu género, mas daí a não gostar ainda vai uma grande distância.

Quanto ao nosso repórter de serviço, leu o Bilhete para a Violência de Luís Alves Milheiro, e começou a ler Nos passos de Magalhães de Gonçalo Cadilhe, numa jogada de antecipação.

Luís Eme, no meio de tanta conversa cruzada, não me lembro do que andaste a ler, esclarece-nos sff.

Depois desta conversa toda, seguimos para a exposição Desenhos dos escritores, onde concluímos ser injusto uns terem tanto talento, escreverem, pintarem, cantarem, dançarem, e outros não terem jeito para quase nada. Outras grande constatação é que em relação ao Museu Berardo o provérbio “muita parra e pouca uva” encaixa na perfeição.

Este mês vamos ler Nos passos de Magalhães de Gonçalo Cadilhe.

P.S: onde andaste Dancing Kid, sentimos a tua falta.

Boas leituras.





05 setembro, 2008

Encontro À Volta das Letras

O primeiro encontro do À Volta das Letras, depois das férias, fica marcado para dia 7, às 10h30, na cafetaria Quadrante no Centro Cultural de Belém. A mudança da data e do local prende-se com a disponibilidade dos membros, do transporte, entre outras coisas que tais.

Depois de tomarmos café e conversarmos sobre o livro "Um Café com Sabor Diferente" do escritor Luís Alves Milheiro, autor que descobrimos através do À Volta das Letras e com quem tivemos o prazer de conversar nos dois últimos encontros, iremos visitar a exposição "Desenhos de Escritores" no Museu Colecção Berardo.

Apareçam! Estão desde já convidados.