27 setembro, 2006

Inquisição

«Já passou Sebastiana Maria de Jesus, passaram todos os outros, deu volta inteira a procissão, foram açoitados os que esse castigo haviam tido por sentença, queimadas as duas mulheres, uma primeiramente garrotada por ter declarado que queria morrer, diante das fogueiras armou-se um baile, dançam os homens e as mulheres (...)»
in Memorial do Convento, p. 49 e 50

O Santo Ofício tinha um imenso poder e as pessoas caiam em desgraça por muito pouco, às vezes bastava a inveja do vizinho. Mas custa-me a compreender a atitude das pessoas nesta época. Depois de um espectáculo de humilhação e morte as pessoas fazem como se nada fosse. Dançam felizes e contentes como se nada se tivesse passado? Ou, como se o que se passou foi muito bem feito, pois era esse o devido castigo?

Sobre a inquisição em Portugal aconselho O Último Cabalista de Lisboa e Meia-Noite ou O Princípio do Mundo de Richard Zimler, que traduzem o ambiente e as perseguições feitas em especial aos marranos.

A nossa sociedade evoluiu, mas sabemos que em pleno século XXI a morte e a humilhação, em algumas partes do mundo, continuam a ser práticas correntes. E isto é grave.

5 comentários:

Totoia disse...

Assim que li o título do post lembrei logo dos livros de Richard Zimler, acho que se consegue perceber a dimensão da inquisição nessas leituras.

Anónimo disse...

É realmente grave em certos sitios a morte e a humilhação ainda serem práticas correntes, aliás nunca o deveriam ter sido!

Antigamente era comum certo tipo de torturas e até a morte para punir os outros e as pessoas nessa altura encaravam tal "espectáculo de humilhação" como motivo de alegria porque achavam que os outros estavam a ser justamente castigados!

Totoia disse...

O homem é um animal muito cruel!!

Vegana da Serra disse...

Nesse tempo, vinham pessoas do Porto para assistirem às "queimadas" da inquisição. Como a malta não tinha TV, tinha da arranjar modo de se distrair. É claro que isto nos parece muito mórbido, mas era mesmo assim!
Mas ainda hoje existe este estranho gosto pelo sangue. Vejam, por exemplo, os palestinianos, que passam os corpos de gente morta em atentados de mão em mão, e diante das câmaras... acho que não evoluimos muito neste aspecto.

Anónimo disse...

As fogueiras da Inquisição mais não foram do que uma continuação da barbárie do circo romano. Tanto uma como outro eram considerados espectáculos de grande animação. Pão e circo é oq ue basta para contentar as massas vazias de substância. Oh tristes!