27 setembro, 2006

Bartolomeu de Gusmão, o padre Voador

«(...) fiz um balão que ardeu , depois construí outro que subiu até ao tecto duma sala do paço, enfim outro que saiu por uma janela da Casa da Índia e ninguém tornou a ver(...) Tenho sido a risada da corte e dos poetas, um deles, Tomás Pinto Brandão, chamou ao meu invento coisa de vento que se há-de acabar cedo, se não fosse a protecção de el-rei não sei o que seria de mim (...)

És um homem [padre Bartolomeu dirigindo-se a Baltasar ] natural, nem cascos de mula nem asas de passarola, É assim que se chama a sua máquina, perguntou Baltasar, e o padre respondeu, Assim lhe têm chamado por desprezo.
in Memorial do Convento, ed. RBA, p. 59 a 61

Nesta passagem, o padre Bartolomeu refere como a sociedade da altura reagiu ao seu invento e como a sua pessoa era alvo de chacota e desprezo. Todos os homens que estão à frente do seu tempo são incompreendidos e os seus feitos, só são reconhecidos, muitas das vezes, após a sua morte.

Mas o que é certo, é que o nome do padre Bartolomeu de Gusmão ficou para sempre associado à construção do primeiro balão de ar quente .

1 comentário:

Anónimo disse...

Antigamente era vulgar as pessoas que descobriam ou diziam algo fora do comum serem alvo de chacota, desprezo e até de condenação à morte.

Vejamos o caso de Giordano Bruno (que foi queimado na fogueira) e Galileu Galilei que teve de negar aquilo em que acreditava para que não o matassem.